MOTIVAR – Uma missão desafiante

A Íris abraçou a missão de MOTIVAR em 2023. Leia o seu testemunho.

O meu nome é Íris Martins, sou estudante do último ano da Licenciatura em Psicologia e sou Mentora voluntária na CdE há cerca de 6 meses. Nestes meses fui (e sou) mentora de 2 alunos do ensino secundário. Estou no pilar MOTIVAR e escolhi-o uma vez que na altura me pareceu ser o mais indicado para mim e para o meu perfil.

A escolha de ser voluntária na CdE baseou-se nos meus interesses e valores. Queria muito conseguir um voluntariado onde ajudasse quem mais precisa, mas principalmente crianças e adolescentes por este ser o meu foco ao nível profissional. Como tenho especial interesse nas áreas da Psicologia Infanto-juvenil, parentalidade, psicologia em contexto educativo e traumas de infância, pareceu-me ser um voluntariado que me enriqueceria muito, uma vez que iria acompanhar estudantes em situações mais vulneráveis e poderia, desde já, contactar com as diferentes realidades, ajudando-os da melhor fora que me fosse possível.

Acredito que não poderia ter feito melhor escolha. A Mentoria, ao contrário do que muitos possam pensar, não é ser explicador nem é ensinar determinada matéria. É claro que, se um aluno que acompanho tiver dúvidas relativamente a alguma disciplina, vou fazer o possível e dar o meu melhor para que ele obtenha os melhores resultados académicos (até porque o nosso objetivo é este, contribuir para o melhor desempenho académico possível). No entanto, o nosso trabalho vai muito além disto.

Acredito que cada mentor realiza um trabalho diferente com o estudante porque cada pessoa é diferente e cada um dos meninos que acompanhamos precisa de ajudas diferentes. Devemos conseguir adaptar-nos de forma a responder o melhor possível aos seus interesses. Ainda assim, acho que qualquer mentor concordaria comigo quando digo que a mentoria é estabelecer uma relação significativa com o aluno, de forma a conseguir ajudá-lo a desenvolver habilidades não apenas educativas, mas também sociais e emocionais. Ser mentor é ser um guia, um ouvinte atento, alguém em quem o aluno possa confiar e com quem possa partilhar as suas preocupações, sonhos e interesses. Também é ensinar métodos de estudo, apresentar recursos de aprendizagem, explicar e ensinar a importância da organização, da socialização e das horas de sono. No fundo, é acompanhar o aluno para que
este se torne o melhor aluno que conseguir.

No entanto, na minha opinião, ser melhor aluno não é ter 19 e 20 a tudo, mas sim ser melhor que ontem e saber que ele está a lutar por algo em que acredita. Digo muitas vezes isto, quando me perguntam o que aqui estou a fazer “não estou aqui apenas para ajudar o aluno a passar de ano”. Claro que isso é uma parte importante do que faço, mas preocupo-me mais com as condições em que está envolvido. Para mim, não há bons alunos sem uma boa rotina, sem horas de sono suficientes, sem uma alimentação saudável e normativa. E, embora isto pareça alheio ao que nós fazemos, garanto que são questões pertinentes que surgem ao longo das sessões.

Ao longo das sessões trabalhamos diversas temáticas. No início, ao longo das primeiras quatro ou cinco sessões de Mentoria, procuro estabelecer uma boa relação, conhecer um pouco mais sobre o aluno, fazer com que se sinta confortável a conversar e estar comigo. Nestas sessões procuro, também, fazer um levantamento das principais dificuldades do aluno, quer ao nível de matérias e disciplinas, quer ao nível da organização, hábitos, entre outros.

Depois, começo a tentar trabalhar as principais dificuldades com recursos simples. Algo que fiz com um aluno com muitas dificuldades de organização foi criar um calendário mensal para que pudéssemos, juntos, escrever todas as avaliações que ele teria, de forma a poder calendarizar as horas e temas a estudar com antecedência. Para trabalhar horas de sono, tentei criar estratégias alternativas. Percebi quais os motivos que levavam o aluno a ficar acordado sempre até tão tarde e, em vez de o repreender (até porque essa não é a minha função), procurei compreender os seus motivos e arranjar soluções que fossem melhores para a sua saúde e resultados, mas que o deixassem confortável, respeitando sempre as suas opiniões.

A minha (pouca) experiência mostra-me que nenhum aluno gosta de ter maus resultados. Nenhum aluno quer ser o pior a determinada disciplina, nenhum quer ficar sempre com notas baixas. Mas, muitas vezes, é o melhor que conseguem naquele determinado momento. Porque estudar não basta para ter boas notas e ter sucesso escolar.

Acho mesmo que ser mentor é isto: ser humano e estar presente. Ser humano para compreender e respeitar, introduzindo técnicas e mudanças que os façam sentir seguros e confortáveis. Estar presente, para que, acima de tudo, não sintam que estão sozinhos numa
fase tão difícil das suas vidas. Falo principalmente da adolescência, que é uma fase particularmente complicada, na qual sentem, muitas vezes, que não são ouvidos e compreendidos. O mentor ouve, compreende, respeita, sente, comemora conquistas, ajuda a ultrapassar obstáculos. O mentor, procura que as notas dos alunos aumentem, mas com elas aumente também a felicidade e bem-estar.

 
Facebook
Twitter
LinkedIn

Candidaturas 2024/2025

Voluntariado

Este é o momento ideal para agir. As candidaturas estão abertas até

30 Setembro 2024